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Blog Medley

Natação para bebês garante melhora do desenvolvimento motor e previne lesões na vida futura

Estudo comprova.

08/09/2014

Profissional de educação física precisa de sensibilidade para notar quando evoluir nas atividades com o bebê.

Para os bebês e crianças pequenas, o mundo é um lugar hostil e cheio de riscos. Quando o cuidador se distrai, as chances de a criança se acidentar em baldes e piscinas são grandes e não escolhe raça, classe social, sexo etc. Todavia, além de manter a atenção constante na turminha, é possível prevenir esse tipo de armadilha com o preparo dos bebês por meio das aulas de natação.

Natação para bebês: eles aprendem a nadar mesmo?

A profissional de educação física e acadêmica da Academia Brasileira de Profissionais de Natação Infantil (ABPNI), Claudia Melem, conta que o termo natação não é comumente usado para bebês, uma vez que a criançavai realmente aprender a nadar a partir dos 5 anos, quando já tem desenvolvimento motor para entender o que lhe é ensinado. “Para os bebês é uma adaptação do meio líquido e o desenvolvimento motor. Ensinamos ele a sobreviver na água de alguma forma, seja bloqueando a respiração até alguém pegá-lo, se deslocando até algum material ou a borda da piscina etc”, explica.

Os benefícios da natação para bebês

Outros benefícios das aulas para bebês estão na melhora da capacidade cardiorrespiratória, melhorando a respiração e o desenvolvimento dos pulmões; o fato de água proporcionar uma pressão na superfície corporal do bebê que funciona como uma drenagem, aumentando a circulação e o fortalecimento cardíaco; sem falar na socialização que acontece pelo contato entre os bebês e os pais, facilitando o desenvolvimento dos pequenos de uma forma geral.

Natação para bebês promove sensação de bem estar

A profissional de educação física Márcia Medina Feldmann, especialista em natação pela USP, destaca que, durante a gestação, o bebê fica imerso no meio líquido e tem a memória de conforto e bem-estar ao voltar para ele na piscina. “Na água, a movimentação é mais fácil pela ausência de gravidade e o bebê adquire noções de peso, textura, temperatura, lateralidade, trabalha a coordenação, equilíbrio, força, destreza etc.”

Natação para bebês começa a ser praticada a partir dos seis meses

As aulas começam a ser praticadas, em geral, a partir dos seis meses, quando o bebê já tomou o ciclo completo de vacinas, sempre com a liberação do pediatra e a resposta aos exercícios vem com a melhora do sono, da alimentação e do desenvolvimento motor, além de alguns reflexos que serão notados apenas na vida adulta. Claudia, que também é autora do livro “Natação para Gestantes”, da editora Ícone, conta que alguns bebês pulam etapas do desenvolvimento, deixando de engatinhar para andar direto, o que pode render problemas de coluna ou joelho na vida adulta. “A água proporciona um fortalecimento para o bebê que é importante. Para o que não engatinha, conseguimos fortalecer a cervical e o braço para ele poder se sustentar na hora de engatinhar; se engatinha, fortalecemos a coluna pra ele ficar de pé; o que fica em pé, mas não se desloca, fortalece para começar a andar e damos suporte para todo o desenvolvimento motor.”

Natação para bebês: piscina especial

Para as aulas com bebês, segurança e higiene são fundamentais, pois, segundo Márcia, lida-se com seres pequeninos e frágeis. A água da piscina deve ser rigorosamente bem tratada e com pH observado criteriosamente. A temperatura da água deve ser agradável ao bebê (cerca de 32°C) e o ambiente deve ser ventilado para evitar o vapor, que segundo Claudia não faz bem aos bebês, mas as correntes de ar e mudanças bruscas de temperatura devem ser evitadas.

As crianças que já conseguem caminhar devem contar com o apoio de plataformas e o profissional de educação física deve ser capacitado a esse tipo de aula, que tem duração média de 45 minutos. A piscina também precisa ter um tamanho apto para comportar pais e bebês confortavelmente, sem que se esbarrem.

No vestiário, trocadores e banheirinhas para a higienização dos pequenos também são fundamentais.

É preciso de autorização do pediatra.

Para participar de uma aula na piscina, é preciso a autorização do pediatra do bebê e Márcia comenta que as visitas ao médico trazem informações aos profissionais de educação física do quanto a criança tem se desenvolvido. Além disso, bebês com febre, com dor etc não devem participar das aulas.

“O profissional de educação física precisa de sensibilidade para ter o feedback do bebê. Ele não vai mergulhar a criança na segunda aula. Normalmente eles começam a colocar a boca na água e afundar o rosto sozinhos. Tem que ter sensibilidade para avaliar cada bebê individualmente e mudar um exercício ou dificultá-lo”, diz Claudia.

Natação para bebês: as aulas devem ser adaptadas à rotina do bebê

O comportamento dos pequenos também deve ser respeitado: o bebê irritado ou assustado não deve participar das atividades com o restante do grupo. “Não pode deixar a criança ficar com fome ou sono na natação senão ela vai odiar a água”, alerta a acadêmica da ABPNI.

As crianças com deficiências motoras ou cognitivas devem fazer as aulas de natação para bebê, já que os estímulos são incontáveis e vão ajudar em seu desenvolvimento. Entretanto, independentemente das condições da criança, o profissional de educação física precisa aprender a lidar com as expectativas e ansiedades dos pais, explicando como cada exercício vai ajudar a criança e evitando comparações. “Tem que ter paciência e respeitar o tempo de cada bebê”, diz Claudia.

Preparo do bebê e preparo da aula

Na hora de preparar a criança, é preciso adquirir fraldas impermeáveis para o uso na piscina e manter uma rotina, fazendo a mala da aula com ela.

“Ela vai saber que aquela é a fralda ou o maiô da natação, pra ela saber que não é o que ela vai usar para ir pra piscina do clube ou do prédio. Peço para separarem uma mochila, uma toalha, uma touca para a natação e não usar nos momentos de lazer. A criança associa a sua rotina”, ensina Claudia Melen.

Para que a aula seja prazerosa e aproveitada ao máximo, Márcia propõe que elas sejam sempre lúdicas, já que brincar é a maior tarefa executada pelo bebê e é a forma com a qual ele vai compreender o mundo e o funcionamento do seu corpo, dos objetos e das regras que o governam. “Por meio da brincadeira o bebê vai adquirir as habilidades que no futuro lhe proporcionarão uma vida mais fácil. Brincar tem a dupla função de, por um lado, criar oportunidades de estimular o raciocínio e, por outro, disponibilizar as regras necessárias à convivência e vida em sociedade.” Ela indica que a brincadeira é também uma forma de conhecer a personalidade da criança, o que ajuda a aproximá-la dos adultos, dos pais etc.

O que o profissional de educação física deve saber

Para se preparar para trabalhar com bebês, o profissional de educação física pode fazer cursos em eventos como o Enaf e o Fitness Brasil, além de pós-graduação em atividades aquáticas, que conta com módulo para públicos especiais. Claudia Melen indica a especialização em psicomotricidade como uma forma de melhorar o trabalho do profissional trainer. “Há também vasta literatura envolvendo a natação para bebês. Para quem quer entrar nessa área, é recomendado fazer um estágio em local especializado que vai estimular sua curiosidade e motivar o profissional a estudar. Conhecimento é a base de tudo”, orienta Márcia.

É preciso gostar de crianças, conhecer bem sua área e estar familiarizado ao processo de aprendizagem e desenvolvimento de bebês, ter um “olho clínico” para não generalizar o grupo e ter paciência para trocar as atividades sempre que necessário. A postura profissional também é importante, uma vez que os bebês sentem a insegurança dos pais e profissionais conforme o toque.

Cabe ao profissional também orientar a família sobre quem deve acompanhar a aula. Márcia recomenda que seja alguém que tenha vínculo afetivo com o bebê e Claudia diz que “o ideal é que seja alguém da família, preferencialmente o pai ou a mãe, porque ensinamos como segurar o bebê. Se transmito isso para a babá e dali um mês ela receber uma oferta de trabalho melhor e trocar de emprego, vou precisar treinar uma outra profissional, que vai ficar insegura e o bebê vai sentir, podendo apresentar uma regressão na aula”.

“Às vezes os pais apresentam, de fato, angústias, ansiedades. É necessário compreender como funciona o sistema, ou seja, a família, para identificar o que causa esse comportamento e orientar de acordo com as dificuldades que aparecem”, conclui Márcia sobre mais um aspecto que o profissional de educação física que trabalha com natação para bebês deve apresentar.

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